domingo, 6 de dezembro de 2020

Valentes e Corajosos Homens do Mar – Última Parte, Final.

Na parte anterior capitão Moribundo depois de enfrentar desafios perigosos, aproxima-se dos seus desafetos instalando-se provisoriamente na França. Torna-se influente empresário no setor de perfumaria e em seguida chega à sua terra nata como um Don Juan e rico empreendedor. É o momento de articular suas ações. 

Com sua visão estudada e bem elaborada de um experiente investidor, transformou um velho casarão sem muita utilidade, numa vistosa e ampla loja de perfumes, contendo todos os requintes necessários capaz de atrair a nobreza inglesa. Aliando-se obviamente, a estes pormenores, o seu incontestável charme de galã e conquistador incorrigível.

Não demorou muito já estava frequentando às suntuosas e concorridas festas da corte. O que lhe favoreceu divulgar os seus cobiçados produtos de perfumaria, permitindo-o com isto, conquistar elevado destaque entre a sociedade privilegiada inglesa, ao ponto de rapidamente se tornarem luxo de consumo para todas as ricas e influentes damas da corte.

Na mesma proporção em que empregava com sucesso o seu admirável fascínio de "bon-vivant" e empresário em ascensão, no país mais influente do comércio global da época. Por obra do destino conheceu Mary Christine Lemmon, 22 anos, filha caçula de George Lemmon, justamente o seu principal alvo da vingança. Aquele que o incriminou para subtrair do Rei, incalculável fortuna em ouro, pedras preciosas e especiarias.

A partir do momento em que ficou conhecendo a jovem Mary Christine, além dos reveses que a vida o
proporcionaria, só restava esperar e dar corda à imaginação fértil da qual ele era um exímio especialista. Além, é claro, infiltrar na intimidade da família e aprofundar sua atenção nas ações do seu patriarca, e descobrir até onde se estendia seus negócios e seus compromissos financeiros.

Fazendo-se valer dos seus refinados gestos de elegante conquistador, e atencioso "gentleman", não demorou para se tornar a pessoa de confiança do seu alvo: o desafeto George Lemmon. O desfecho e a consolidação da sua vingança, que provaria sua inocência e de seus amigos seria uma questão de tempo e de oportunidade.

Enquanto isto Espantalho e seus amigos curtiam suas férias, em verdadeiras festanças no litoral francês, nas quais incluía as inquietantes tabernas e casas de mulheres, onde conseguiam afogar a inquietante espera, através do consumo desenfreado das refrescantes, ora calientes bebidas da região.

Sem, contudo, deixar que os prazeres da vida interferissem no objetivo da missão, mantinham-se sempre bem-dispostos, aguardando o chamado do seu líder. Estavam protegidos sob o manto de viajantes em busca de negócios e de prazer pelo continente europeu. E para espairecer do abusivo ritmo que levavam, nos raros momentos de descanso, eles escolhiam impreterivelmente o conforto dos aconchegantes aposentos a bordo do inigualável Tigre Veloz.

Charles inteligentemente infiltrado nos bastidores da burguesia e dos negócios inglês, é informado de que um grande e precioso carregamento contendo finíssimas peças de sedas, riquezas em porcelanas e pedraria finas, principalmente de jade, estava para sair da China com destino à Inglaterra.

Sem hesitação, enviou um mensageiro levando consigo em caráter de urgência, um recado codificado até aos seus corajosos companheiros, informando-lhes da necessidade de interceptar em águas internacionais do Pacífico o navio Guardian, que navegava com bandeira holandesa.

O seu comandante deveria ser mantido como prisioneiro, e libertar toda tripulação em improvisadas chalupas. Após saquear a valiosa carga, deveriam afundar a embarcação e se dirigirem rapidamente à Inglaterra.

Assim que tomou conhecimento da mensagem, a tripulação ansiosa por novos desafios, pôs-se a caminho contente por voltar à ação. Todos estavam se sentindo desgastados e irritados pelo ostracismo a que estavam submetidos.

Partiram ainda na madrugada daquele mesmo dia. Até alcançar o ponto ideal do cargueiro em vista, seriam pelo menos três semanas de navegação. Ainda assim, teriam que se fazer um estudo pormenorizado para descobrir em que curso estaria navegando, além de verificar as possibilidades e análises detalhadas da melhor abordagem.

Não poderiam falhar, porque estava naquela embarcação à chave principal que viria abrir as portas para o futuro, proporcionando-lhes toda tranquilidade desejada de uma vida farta, digna somente dos ricos.

Havia acabado de dobrar o Cabo da Boa Esperança, também conhecido como Cabo das Tormentas quando por uma incrível ironia o mar ficou revolto, comportamento muito comum para todos os navegantes daquela área. Preocupados abaixaram as velas a meio mastro, navegaram com extrema cautela, afastando-se um pouco da costa para evitar qualquer arrebentação.

Estavam numa zona repleta de perigosas elevações rochosas. Algumas possíveis de serem vistas com mais facilidade por sobressaírem sobre as ondas, outras ficavam encobertas pelas águas. Diante daquela situação de agitação das águas, o perigo seria iminente. Cuidadosos faziam inúmeros cálculos de probabilidades. Qualquer desvio perderiam a oportunidade milionária pela qual arriscavam suas vidas.

Após outros dois dias de constantes preocupações, ouviram-se gritos de alerta vindos do mastro de observação. Todos viraram em direção do horizonte na espera e divisar a embarcação que mais se assemelhava a um ponto distante no infinito, balançando suas velas. Não tardaria seria possível identificar sua origem por intermédio da sua bandeira e suas características de cargueiro.

Foram momentos de ansiedade e tensão. Os homens que seriam os responsáveis pelos canhões providenciaram todo o necessário para uma vitoriosa contenda, os demais com suas armas prontas e vistoriadas também aguardavam impacientes. Inclusive foram instaladas cordas sobressalentes em vários pontos dos mastros e cordames para em caso de uma invasão, pudessem ser transportados direto de uma embarcação à outra pelo ar.

Comprovado tratar-se do Guardian, Tigre Veloz comandado por Espantalho fez uma manobra evasiva, numa demonstração de que estava evitando qualquer aproximação. Evitando deixar qualquer eventual suspeita, ainda com o navio em curso, procuraram minimizar a atenção da tripulação adversária, para no momento exato içar totalmente as velas, estender a temida bandeira da caveira, e empreender velocidade máxima, não permitindo qualquer possibilidade de fuga do inimigo. A ocasião lhes favorecia com ventos fortes e o galeão em questão carregado e pesado, facilitaria para que tudo ocorresse como o planejado. E foi o que aconteceu.

O resultado não poderia ter sido melhor, as baixas foram mínimas, assim mesmo somente do lado rival. Aqueles que sobreviveram se renderam e o capitão capturado foi mantido como prisioneiro, conforme determinou Charles Grahann. Concluído o saque da carga, livraram-se dos prisioneiros atirando-os ao mar nas chalupas improvisadas com materiais retirados do próprio navio abatido e depois o afundaram.

Passados algumas semanas que havia enviado a mensagem, Claude Fontaine, acreditando na sua experiência de homem do mar, e de ter calculado as possibilidades de tudo ter ocorrido como era o esperado, procurou o juiz Richardson, respeitado magistrado do reino. Depois de longa conversa utilizando-se de muito tato e ponderações, conseguiu convencer o meritíssimo a atender ao seu pedido.

– Meritíssimo está chegando a qualquer dia ou hora, no porto principal, trazido por pessoas de minha confiança, um homem a quem gostaria que o senhor acompanhasse o seu depoimento sem se apresentar, ou deixar-se ser pego de surpresa. De preferência acompanhado de outras autoridades como o senhor. – Explicou Claude Fontaine.

– Mas o que significa isto? – Perguntou admirado e meio confuso o magistrado.

– Não se preocupe, acontece que esse homem é responsável por crimes bárbaros e deploráveis, cumprindo ordens de pessoas influentes do reino e da sociedade. – Esclareceu Claude Fontaine.

– Você tem noção sobre que está me propondo e da gravidade que isto pode representar, sugerindo que eu efetue uma prisão indevida e sem mandado judicial? – Advertiu o magistrado.

– Isto tem alguma relação com os seus negócios? – Questionou curioso o preocupado juiz.

– Não, não tem. Mas tem muito a ver com o País. – Respondeu seguro de suas convicções o elegante empresário Claude Fontaine.

Preocupado, porém curioso o magistrado Richardson concordou com os argumentos aceitando a proposta. Em seguida começou a selecionar mentalmente aqueles que poderiam ser os seus convidados, para acompanhá-lo naquela missão atípica e preocupante.

Novamente Tigre Veloz com outra bandeira, agora inglesa tomava o seu rumo em direção a Inglaterra. A tripulação como era de se esperar vestidos com a elegância de nobres viajantes milionários, navegavam entusiasmados em ritmo de festas. Incrível, mas naquele momento realmente, poderiam sim, considerar-se milionários. O carregamento que transportavam era valiosíssimo.

Pelo fato de o saque ter ocorrido em águas internacionais, sem a menor chance de outro país reivindicar o direito sobre à carga. Nem mesmo a Inglaterra naquele momento, teria direito ao seu conteúdo. Já estava tudo planejado, a intenção de Charles Grahann, após revelar e identificar os culpados pelos crimes dos quais eles não eram culpados, e os verdadeiros autores condenados, a carga seria vendida e o resultado da arrecadação, dividida entre os seus corajosos lobos do mar. Presenteando-os com a liberdade e irem e virem sem nenhum temor, livres de todas as acusações e, acima de tudo, milionários.

Se o infeliz comandante capturado imaginasse o castigo a que iria se submeter, preferiria mil vezes a morte a ser colocado como prisioneiro. Realmente, sua vida naquele momento não valia nada. Ainda no seu martírio da volta, Espantalho com sua elegância demoníaca o aterrorizava insistentemente, não lhe permitindo descanso ou até mesmo um breve cochilo apaziguador.

O comandante prisioneiro, era considerado por todos navegantes, como uma pessoa maléfica, desprezível, sem escrúpulos e ambicioso. Considerando o seu passado pregresso, até que a tortura não chegou a ser tão angustiante, mas quase o levou a loucura.

Quando Tigre Veloz aportou como majestoso navio de cruzeiro, tremulando no mastro principal a orgulhosa flâmula inglesa, sua tripulação vestida a caráter, desceu em terra e chorou copiosamente. Afinal foram anos a espera daquele momento tão glorioso. A partir de agora, também teriam a oportunidade de rever familiares que nem imaginavam como poderiam encontra-los, ou até mesmo se foram responsabilizados e duramente torturados em busca de respostas e informações sobre as quais desconheciam.

Imediatamente, assim que conseguiram respirar o ar saudoso da pátria querida, enviaram notícias ao seu líder que apareceu depois de algumas horas, vestido como um lorde.

Todos riram e brincaram efusivos com a situação. Depois de acertados os detalhes da revelação foram visitar o prisioneiro que se encontrava em estado deplorável. Sua aparência estava mais próxima de um moribundo, do que o próprio Capitão no auge do momento em que foi denominado de Moribundo, em terras portuguesas.

Um médico se encarregou de recuperá-lo, enquanto isto o respeitado juiz estava sendo informado de todos os detalhes que convinha sua missão. Antes, porém, toda a carga saqueada havia sido descarregada e colocada em lugar seguro para evitar qualquer tipo de imprevisto.

Alguns dias se passaram. Quando tudo estava visivelmente normalizado, Claude Fontaine convidou os supostos amigos protegidos pelo status de nobre personalidades, também seus alvos de esclarecimentos, a visitarem o seu novo navio que acabara de adquirir, e que se encontrava ancorado no porto principal.

Enquanto isto, como combinado previamente, o juiz e outras autoridades do reino encontravam-se devidamente acomodados em uma sala contígua. Escolhida com o devido critério que o momento requeria, acompanhavam cada detalhe da conversa a bordo.

Após longas trocas de amabilidades Charles orgulhoso do seu navio, mostrava prazeroso o luxo interno
das acomodações provocando aos sorridentes convidados manifestações de satisfação e elogios.

Sem mais delongas então chegou o fatídico momento da cuidadosa e bem elaborada ocasião. Bastou abrir uma porta para aparecer diante de todos aquele que seria o verdadeiro espectro da maldição. Quando apresentaram o prisioneiro o espanto e a incredulidade tomou conta dos convidados.

Tratava-se nada menos que Johnny Flampper, o corsário bandido, que já havia assumido responsabilidade pelo ataque ao Tigre Veloz nas imediações do Canal da Mancha. Acrescentando ainda, que mesmo ferido havia se recuperado com a ajuda dos seus comparsas.

Revelou em seguida que depois da sua recuperação, havia retornou à sua vida de saqueador a mando dos ilustres figurões, atividade que admitiu ter praticado há vários anos, sob as ordens e orientação de George Lemmon seu principal mandante. Esclarecidos os crimes, todos os envolvidos foram julgados e condenados à forca.

Concluído os trabalhos de julgamento na Corte, Claude Fontaine revelou sua verdadeira identidade como Charles Grahann e de toda sua tripulação, sendo imediatamente absolvidos de todos os crimes a eles responsabilizados, além de serem condecorados com todas as honras, entregues em cerimônia real, pelo próprio Rei Gustavo V, em uma movimentada festa no palácio real.

Charles não abandonou suas atividades como empresário de perfumaria, e ainda, manteve-se como milionário e dono de um extraordinário navio de cruzeiro. Como se não bastasse recebeu do Rei, pelos seus méritos de serviços prestados à coroa o título de Sir Lord of the Golden Tiger, entregue pela Soberana Corte do Parlamento Inglês.

Os amigos seguiram seus caminhos também como milionários. Todavia, agora como cidadãos respeitados na condição de livres e nobre senhores do reino.

 

Imagens: Internet


quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Valentes e Corajosos Homens do Mar - Segunda Parte

Na parte anterior você viu o perfil de Charles Grahann, a forma e os motivos através dos quais o fizeram se transformar no temível pirata capitão Moribundo. Agora verá sua trajetória de “bucaneiro” determinado em arquitetar o seu plano de se aproximar dos seus devedores e vinga-los sem piedade.

Após o saque ao Galeão Constelación, quem via Tigre Veloz singrando o mar calmamente amparado pela bandeira portuguesa, imaginaria de imediato tratar-se de ricas personalidades em viagem rumo a algum lugar majestoso, quem sabe até à corte brasileira.

Todos vestidos a caráter para não deixar qualquer dúvida e, também, para se protegerem de eventuais navios de combate a serviço da coroa inglesa ou francesa, cujos interesses particulares eram contrários à pirataria no Atlântico.

Para essas ocasiões de esplendor e garbo, se destacava à frente no comando, Charles Grahann elegantemente vestido com sua túnica branca, com os lindos botões dourados e o seu belo boné de capitão, desenhado com lustrosos detalhes também em dourado, navegando no hemisfério sul, logo abaixo a linha do equador.

Era tardinha quando o vigilante do alto do seu observatório avistou ao longe outro navio de aparência suspeita dirigindo-se em sua direção. Imediatamente, Charles Grahann deu suas ordens de manterem-se calmos como inofensivos passageiros. Também orientou os canhoneiros para se posicionarem e no momento oportuno tornarem visíveis as escotilhas e abrirem fogo sem chances de revide.

Quando o navio inimigo se posicionou a estibordo da nau comandada pelo astuto bucaneiro Charles Grahann, o qual naquela época, já ostentava larga experiência em combates. Ao se certificarem tratar-se de outra embarcação pirata, confiante de presa fácil, surpreendeu-os com uma saraivada de tiros efetuados por 14 infalíveis canhões. Sem hesitar Tigre Veloz de indefeso veleiro, se transformou num cruel dragão raivoso cuspindo o fogo da desgraça em direção à embarcação aventureira.

Antes de ir a pique, os desavisados sobreviventes inimigos ainda tiveram tempo suficiente para se atirarem ao mar, deixando a embarcação disponível para que os homens do capitão Moribundo recolhessem suas armas e munições, as quais viriam servir para abastecer e ampliar o seu arsenal de guerra.

A intenção não era deixar sobreviventes, mas valia o direito do salve-se quem puder. Sempre que ocorria um embate com resultados favoráveis e sem baixas, capitão Moribundo vestido como o elegante Charles Grahann e aprendiz de astrônomo cercado das inevitáveis superstições, acreditava que no momento das abordagens os astros estavam alinhados a seu favor. Também como curioso vigilante interessado em astronomia, gostava de se orientar pelas estrelas nas suas navegações noturnas, ocasião na qual ficava horas contemplando o espaço com um pequeno telescópio a bordo.

Novamente Tigre Veloz seguiu seu rumo mar adentro, saboreando o ar do verão e a sensação de liberdade. Confiante de que não teria nenhum transtorno pela frente, aproximou-se da costa caribenha, serenando nas águas rasas, mornas e azuladas do Mar das Antilhas.

Baixaram as velas mantendo-se suavemente à deriva, atentos ao posicionamento da bússola e das cartas náuticas. A intenção era aportar na Ilha de New Providence, de onde ouvira contar várias histórias de piratas e suas notáveis aventuras de saques milionários em riquezas provindas do continente. Antes de ancorar especificou detalhadamente como seu pessoal deveria se comportar, enquanto ele, e uns poucos permaneceriam a bordo.

Para aqueles que iram aportar em terra firma, Charles Grahann transmitiu-lhes as seguintes ordens:

– Quando chegarmos à ilha procurem andar em grupos menores;

– Comportem-se como pessoas ricas com destino ao Brasil na intenção de adquirir terras. Levem bastante moedas de ouro;

– Conversem pouco e ouçam mais. Deixam transparecer que suas passagens pela ilha ocorreram devido a erro nos cálculos de navegação, e que logo pretendiam retomar a viagem com o destino certo. Dessa forma atrairão a atenção dos faras-da-lei, e assim, chegaremos aos seus chefes, ou comandante. – Esclareceu Grahann.

A partir dos esclarecimentos apontados, deixou por conta de cada um. Não haveria de dar errado, eram homens experientes e sabiam se comportar como tal.

Não demorou muito o plano começou a surtir efeito, quando um dos grupos conseguiu fazer prisioneiros quatro elementos mal-intencionados que haviam tentado roubar-lhes.

Como não estavam lidando com amadores, foram facilmente dominados, sendo logo levados à presença do capitão que já os aguardavam em lugar seguro, fora do navio.

Forçados a falar contaram tudo o que queriam saber, e foram logo liberados confiantes de que imediatamente o seu comandante tomaria conhecimento sobre os fatos. E, com isto seria fácil ser capturado. O plano não era matá-lo, mas sim, se informar das forças repressoras existentes naquelas áreas e, também, quem dominava aquelas águas e ilhas para eles até então desconhecidas.

Através do astucioso plano, Charles Grahann, foi informado que Henry Morgan antigo corsário inglês, havia enveredado para o mundo dos infratores, com um diferencial: tornara-se importante pirata na região, após o seu ataque à cidade do Panamá em 1670, e posteriormente ter se transformado em vice-governador de Port Royal na Jamaica, além de rico dono de plantações de canas-de-açúcar.

Sem tomar conhecimento da importância do seu rival naquelas águas, soubera impor suas condições de audaciosos e temidos homens do mar. Entretanto, após cinco anos de inesquecíveis aventuras e se tornado rico juntamente com seus marinheiros e elegantes marginais, resolveu retornar à Europa.

Antes da partida fez uma cuidadosa reforma no Tigre Veloz, ampliando suas condições de acomodações e outros requintes internos, com a finalidade de tornar-se útil tanto quanto navio de combate e pirataria, como de uma luxuosa embarcação de cruzeiro.

Transformando-se num perigoso camaleão de luxo e de ataques precisos. Em sua primeira parada no litoral em território europeu, fez questão de instalar no seu camarote, importantes e modernos instrumentos de comando marítimo, só possíveis para quem possuía muito dinheiro, detalhe que para ele não fazia mais a diferença. O seu objetivo estava traçado e pensado, retornar à sua terra de natal e realizar as reparações que pesavam sobre si e seus companheiros.

Além de muito rico, sua imagem estava totalmente renovada. Os resquícios que ainda poderiam existir dos tempos em que era comandante pirata na área, haviam ficado para trás e o que importava daquele momento pra frente, seria concretizar sua vingança provando a inocência de todos eles.

Esclarecer as acusações de que foram vítimas pela armação engendrada com intenções maldosas de torná-los bodes expiatórios pelas pilhagens praticadas por ricas autoridades inglesas, dentre as quais George Lemmon, importante figura na Administração Comercial do Rei, principal beneficiado e inescrupuloso arquiteto do seu infortúnio e dos seus leais companheiros.

Nesse período em que esteve longe dos acontecimentos em torno do reino inglês e, também, dos ataques e saques impetrados por piratas na costa europeia e africana, imaginou-se esquecido pelas autoridades que atuavam contra a pirataria infringente, ou até mesmo, ser considerado como morto.

Como gratificação, depois de tanto tempo ausente dos limites europeus, foi o suficiente para construir o seu próprio império econômico, contabilizando muitas riquezas em ouro e pedras preciosas, oriundas das terras em fase de dominação e colonização pelos espanhóis.

Espantalho havia se transformado num mito do alto-mar, graças a sabedoria do seu comandante e sua aparência convenhamos, nada atraente. Dentre as batalhas travadas por eles, duas mereceram destaque. A primeira quando Tigre Veloz interceptou um Galeão Espanhol, desconhecendo naquele interim, a escolta que o acompanhava algumas milhas atrás.

Quando tudo parecia resolvido e os piratas do capitão Moribundo comemoravam, foram surpreendidos por alguns tiros de canhões, os quais, por pouco, teriam acertado em cheio sua embarcação. Após a surpresa, utilizando-se de calma e perícia, capitão Moribundo, ajudado por outros quatro companheiros que continuavam a bordo do Tigre Veloz, fez da embarcação saqueada de escudo. E, com extrema habilidade de uma raposa do mar, surgiu inesperadamente a bombordo sorrateiro e infalível.

Só precisou disparar quatro tiros certeiros de canhões no navio escolta para desativar todas as defesas do oponente, deixando a conclusão da missão por conta dos seus bem treinados e inflexíveis soldados piratas. O confronto deixou o cenário da imensidão marítima em um amontoado de destroços fumegantes.

Outra ocasião de destaque, foi no momento em que estavam ancorados na Ilha dos Mascates, próximo da gruta Fossor, quando receberam a visita indesejada do também pirata Henry Avery, outro ambicioso adversário em seu caminho.

Acontece que Henry Avery, havia planejado saquear o Galeão Espanhol, no entanto, os seus planos haviam naufragados com a antecipação ocasional praticada pelo capitão Moribundo. A partir daí, ficou estabelecido que Moribundo e os seus companheiros deveriam pagar pela ousadia.

O erro de Henry Avery, foi imaginar que a tripulação do Tigre Veloz, mesmo com a embarcação ancorada em terra firme, estava entretida comemorando o seu rico e triunfante saque. Esqueceram que o sempre atento, capitão Moribundo, com sua astúcia implacável percebeu algo estranho no cais e, alertou os seus comandados, para o perigo eminente, sem deixar transparecer que estavam prontos para o que der e vier. 

Capitão Moribundo e os seus treinados companheiros, encaram com coragem a luta, deixando Henry e os seus séquitos embasbacados, surpresos e sem saída. Podia-se ouvir o tilintar das espadas e a agilidade dos saltos felinos praticados pelos dois oponentes, esquivando-se dos golpes brutais das lâminas afiadas.

Havia sangue no canto da boca e nos dentes de Henry Avery, provocado pelo soco certeiro empunhando a espada do capitão Moribundo, que atingiu o seu maxilar durante um instante de vacilo.

A violência da pancada com o punho da mão esquerda agarrada ao cabo da espada transformou-se num duplo impacto. Capitão Moribundo era canhoto, o que tornava ainda mais difícil antecipar seus movimentos. Enquanto isto os demais lutavam impondo todas suas destrezas mortais.

Ocasião na qual ocorreu uma das mais sangrentas colisões de forças experientes, quando henry ficou mortalmente ferido pela espada cortante de Moribundo, revelando mais uma vez suas habilidades com as armas, principalmente com a espada e a adaga.

Agora em terras europeias sob o manto da retidão de um respeitado cidadão, o seu objetivo seria colher o maior número de informações sobre o que estava acontecendo na corte inglesa sem deixar suspeitas. Charles Grahann resolveu primeiro se instalar provisoriamente na França.

Neste país ele sabia que, uma vez infiltrado no alto escalão social, saberia como adquirir as informações necessárias para dar curso aos seus propósitos. Assumindo a identidade de um escritor irlandês, iria frequentar as altas rodas da cultura e da sociedade imperial. Em companhia de ilustres personalidades, foi colhendo dados importantes que lhe serviriam para arquitetar o seu plano.

Época em que ficou conhecendo Jacques Villefronsiér, rico empreendedor no setor de perfumaria. Não poderia ter uma parceria melhor e mais oportuna. Através de Jacques, Charles Grahann sempre bem acompanhado das mais importantes figuras da corte francesa, especializou-se em fragrâncias e nos processos de industrialização de perfumes e derivados.

Sua ideia inicial seria se especializar em vinicultura, assim penetraria com mais facilidade na nobreza inglesa grande apreciadora de vinhos. Contudo, a sorte acompanha aquele que persiste na busca por evidências importantes para o desenrolar do seu propósito, e de quem não tem medo de encarar as controvertidas situações. E o setor de perfumaria estaria de bom tamanho, mesmo porque as damas inglesas pela sua inegável vaidade, davam grande valor à perfumaria francesa.

Com os conhecimentos adquiridos e consolidando virtuosas parceria através do emprego de significativa quantia em recursos financeiros, idealizou abrir uma filial francesa de perfumaria no seu país.

O sucesso foi imediato e robusto. Com outra identidade, agora como Claude Fontaine, propositadamente criado para não revelar sua verdadeira cidadania, partiu com destino à Londres com o seu plano de vingança pré-estabelecido.

Lógico que faltava superar fases que deveriam ser respeitadas com extremo cuidado, para enfim, entrar no cerne da sociedade inglesa. Mesmo com a identidade de um importante investidor no setor de essências aromáticas, algo mais seria indispensável acrescentar. Mas não desistiria, os episódios seguintes, ainda que difíceis e tratados com a devida cautela, seriam superados de forma naturalmente, perspicácia é o que não lhe faltava.

 

OBS.: Acompanhe em breve, a última parte deste conto, o qual não deixa de ser uma aventura para cada leitor. Obrigado pela atenção.

Imagens: Internet, Fotosearch



Valentes e destemidos homens do mar – Primeira Parte



Enfim o dia amanhecia depois de uma longa noite inquietante. Pairava entre os ocupantes do navio de bandeira espanhola Constelación, um clima de tensão e temor de a qualquer momento uma tormenta quebrasse o mar com ondas de mais de quatro metros. Embora acostumados com situações de extremo perigo, ainda assim, temiam pela segurança da valiosa carga de especiarias que transportavam das Índias. 

No céu ensurdecedores trovões ecoavam manifestando o seu poder, seguidos de horrendos raios cortantes que riscavam a escuridão do céu, desenhando a imagem do pavor. No horizonte um denso nevoeiro não escondia a soturna realidade. Ainda assim, a embarcação cumpria o seu destino, navegando cautelosa nas proximidades da costa africana a oeste das Ilhas Canárias.

Algo semelhante havia acontecido tempos atrás, quando Constelación e sua tripulação enfrentaram um iminente naufrágio. A fúria das águas chegaram a lavar o convés fazendo da embarcação um brinquedo de criança. Enquanto isto seus ocupantes agarravam-se aos seus credos com fé.

Mesmo com todo esse clima perverso causado pela natureza arredia e descontente, a tripulação se sentia mais segura a ter que enfrentar a perigosa nau capitaneada pelo capitão Moribundo, nome atribuído a Charles Grahann, temido pirata, o qual tinha o Atlântico como o seu principal reduto de ação e pilhagens. Eram conscientes que, se o enfrentassem, a situação seria vencer ou morrer, sem a mínima possibilidade de contar somente com a sorte, mas sim, com a habilidade de cada um, e o derramamento de sangue inevitável.

O grande e pesado galeão espanhol Constelación navegava lento em direção ao Mediterrâneo. Algumas milhas adiante, Tigre Veloz o aguardava impune de qualquer suspeita próximo a Gibraltar. No momento oportuno bastava arriar a bandeira francesa da qual usava como escudo, para de imediato hastear a temida bandeira com a imagem estampada do Tigre Dourado, transformando-se no terror dos mares.

Infiltrado entre a tripulação do galeão espanhol, um fiel espião tinha a missão de facilitar toda a ação da embarcação pirata. Para tanto, provocaria um premeditado incêndio no tombadilho, lugar ideal e de fácil propagação das chamas, também ideal para emissão de sinal. A carga muito ambicionada de valor inestimável, da qual pretendiam subtrair os permitiria desaparecer por algum tempo, escondendo-se nas Antilhas em uma das centenas de ilhas do arquipélago das Bahamas.

Enquanto o tombadilho ardia em chamas e a tripulação envolvida em deter o fogo, eis que surge lado a lado do galeão como um fantasma, Tigre Veloz. A surpresa foi tamanha que a rendição aconteceu sem violência e ter que efetuar sequer um disparo. Os próprios piratas ajudaram a conter as chamas e garantir a segurança da carga motivo do ataque.

Após o vitorioso saque, capitão Moribundo representado pelo seu imediato, o Espantalho, liberou a embarcação e sua tripulação, para em seguida desaparecer mar adentro, com destino ao Mar das Caraíbas. Capitão Moribundo reuniu os seus valentes companheiros e expôs o seu plano de imediato:

– Companheiros amigos! – Disse em voz firme e alta.

Esta nossa conquista de hoje será a última, pelo menos por enquanto, nestas imediações.

Estamos sendo muito constantes por aqui. Com o resultado deste saque temos mais que o suficiente para ficarmos fora de ação por algum tempo.

Estou convencido e decidido de que devemos seguir para o Mar do Caribe. Temos informações que vultosos tesouros são transportados de lá com destino à Espanha e à França. Podemos ganhar muito mais, depois deixaremos de sermos notícias por uns tempos.

Para nossa segurança, estaremos distantes, navegando numa área considerada sem domínio, o que tornará nossas ações menos declaradas. Se tivermos sorte, podemos construir um grande império financeiro.

Temos uma meta, da qual não podemos nos afastar. É uma questão de honra, arriscar para defender nossa própria integridade de homens de bem. Pelo menos é o que éramos até sermos acusados e sentenciados injustamente pelo que não somos os responsáveis! – Não foi preciso dizer mais nada, sendo imediatamente apoiado por todos.

Uma vez acertados os detalhes partiram dali mesmo em direção dos seus ideais, como homens em busca da glória e da fortuna. Como homens destemidos, capazes de morrer se preciso, em busca de resultados que os facilitassem, provar suas inocências ultrajadas pela ganância e pela ambição da maldade escondida sob o manto da impunidade.

No ano de 1698, imponente navio ostentando magnífica bandeira inglesa, navegava retornando pra casa, quando foi surpreendido nas proximidades do Canal da Mancha, por outro navio também de bandeira inglesa, que Charles Grahann o conhecia muito bem. Seu comandante capitão Johnny Flampper era um respeitado corsário inglês, responsável por inúmeras façanhas bem-sucedidas. Na época a Inglaterra e a França haviam acabado de resolver algumas pendengas que resultaram em perdas para ambos os lados. Não bastasse, a Inglaterra começou a enfrentar seríssimos problemas de questões internas. A Revolução Gloriosa que acabara de ocorrer estabelecia o fim do absolutismo inglês e proclamava o Parlamentarismo.

Distante das formalidades políticas que aconteciam no império britânico, Charles Grahann, comandava sua tripulação a bordo do seu navio nas suas habituais viagens comerciais. De repente notou a aproximação inesperada de outro navio ostentando a bandeira inglesa. Embora sendo uma embarcação conterrânea, manteve-se cauteloso poderia ser na verdade, uma embarcação pirata disfarçada pelo brasão inglês. Ainda assim, arriou as velas para em caso de um confronto inevitável, não correr o risco de perder os seus mastros.

Entretanto, sua aparente tranquilidade não durou muito, quando é informado pelo observador posicionado no alto do mastro principal, o qual viu através da sua luneta Johnny Flampper dar ordens para atacar. Imediatamente Charles Grahann colocou sua tripulação em alerta, pronta para responder ao ataque com força total sem piedade. Assim que o seu inesperado oponente iniciou sua manobra para posicionar os seus canhões, ficou declarada a intenção. Agora seria só aguardar o adversário efetuar o primeiro disparo e estaria estabelecido o combate.

Enquanto os homens corriam de um lado para o outro procurando se proteger e contrata atacar, Charles Grahann começou analisar a situação procurando resposta para aquele ataque despropositado. Concluiu que a atitude Flampper só poderia ser ordens de alguém influente da alta corte comercial inglesa que o querida morto. Pelo que conhecia do seu adversário, não comportaria daquela forma deliberada sem motivos. Ainda mais em se tratando de um navio com a mesma bandeira, dificilmente sairia daquela situação impune das leis marítimas.

Com fúria, rapidamente também emitiu ordens para sua tripulação se posicionar adequadamente que seriam atacados. Uma batalha sem precedentes foi declarada entre as duas forças. Entretanto, com a destreza de exímio espadachim e certeiro atirador com suas armas, Charles Grahann só esperou o primeiro disparo e partiu para o revide. Para surpresa de Johnny Flampper que imaginava o valente Grahann desguarnecido e despreparado, presenciou uma batalha, da qual preferia não tem aceitado a missão.

Utilizando-se de muita astúcia, Charles Grahann enfrentou Johnny e seus asseclas. Depois de sangrento embate saiu-se vitorioso. Ainda que, ferido nas costas por um tiro de mosquete que o fazia sangrar muito, não o impediu de lutar até ao final. Como era jovem e forte suportou a dor, a fraqueza e a febre até ser levado ao litoral português e ser atendido por uma senhora que se prontificou ajudá-lo.  A atenciosa senhora, desconhecendo o seu nome, mesmo porque se encontrava bastante enfermo e, nos seus momentos de delírio pronunciar palavras desentendidas, começou a chamá-lo de jovem moribundo. Apelido que veio substituir sua verdadeira identidade, transformando-se uma incógnita para aqueles que não o conhecia e lendário para aqueles que o confrontaram.

Daí Charles Grahann, passou a ser conhecido como capitão Moribundo, tanto em homenagem à obstinada e cuidadosa senhora portuguesa, quanto pela simpatia que o nome causava.  Emblemático para a saga de um dos mais destemidos transgressores do Atlântico, no comando da tripulação do navio que passou a ser denominado de Tigre Veloz o impiedoso. E assim, a temível estampa do tigre dourado, animal que Grahann passou a admirar através das suas viagens às Índias, tornou-se sinônimo de bravura e terror. 

Tigre Veloz, seu navio agora de várias bandeiras, artimanha utilizada para confundir suas presas era velos e imbatível.  Com facilidade desaparecia no horizonte sem deixar rastros. Pela sua capacidade diabólica de evaporar após um bem-sucedido saque, e a sagacidade de um expert em traçar planos ousados, já havia ganhado destaque e temor para qualquer navegante.

Levava a bordo além de homens corajosos, 28 canhões escondidos por escotilhas que não deixavam quaisquer indícios e vestígios de suspeitas. Para todos que o viam não passava de um navio de passageiros. Por isto eles próprios o chamavam de navio camaleão. Quando atracava sua tripulação transitava pelas cidades livres e incólumes. E o seu comandante podia frequentar com naturalidade altas rodas sociais, como um elegante e bem-sucedido fidalgo de origem e descendência desconhecidas.

Por meio da astúcia de Charles Grahann, a esperteza e a camuflagem sob as vestes de elegantes senhores que, tanto o capitão Moribundo, quanto a sua tripulação conseguiam importantes informações, para arquitetar suas ações com antecedência. Tempo suficiente para um planejamento eficiente de suas atitudes e privilegiada competência, raramente perdiam uma nova empreitada. 

Grahann antes de se tornar homem do mar era uma pessoa comum, filho de uma bem estruturada família inglesa. Talvez seu fascínio pelo mar se devesse pelos inúmeros livros que havia lido no decorrer de sua juventude. Por determinação e cuidados dos pais, estudou sob a batuta de nobres professores em ricas e importantes escolas do reino. Dedicou-se com afinco em todas as disciplinas e assuntos diversos relacionados ao empreendedorismo, sobretudo, fluência em idiomas, história, filosofia e astronomia.

Havia lido autores importantes, os quais lapidaram os seus conhecimentos permitindo-o, comportar com desenvoltura e distinta elegância em qualquer situação. Com a idade de 30 anos, porte físico forte, esbelto era um exemplo de beleza, simpatia e sedutor contumaz. Capaz de impressionar as mais exigentes damas.

Acontecimentos involuntários e imprevistos às vezes determinados pelo acaso são capazes de mudar a postura de uma pessoa levando-a a trilhar caminhos antes não imaginados. Foi o caso do capitão Moribundo, ou capitão Charles Grahann. Antes, fazia parte de seus ideais, a exemplo do seu pai, ser um homem primado pela retidão, pela honra e a disciplina de um bom patriota. Totalmente ao contrário do homem que havia se tornado, um transgressor.

Até então, era um jovem e destemido corsário a serviço da coroa inglesa. Após ser traído de forma ardilosa, covarde e vergonhosa. Da qual lhe foi imputando crimes deploráveis de roubo contra o patrimônio econômico do seu país e assassinatos com requintes de crueldades sem merecimento, o obrigou dar um inesperado rumo para sua vida. Deixar para trás, ambicionados projetos de ser um grande empreendedor internacional, para se tornar no pirata mais temível e procurado em todo o Atlântico.

Como consequências, temendo ser julgado e condenado por crimes não cometidos, resolveu impor o seu próprio regime de lutar contra os mal intencionados líderes da coroa, de forma pouco convencional. Instituiu um propósito de construir o seu próprio império na ilegalidade, com a finalidade de obter o necessário para financiar seus objetivos de vingança e resgatar o honrado nome de sua família. Além é claro, de mostrar o seu poder de domínio sobre qualquer potência marítima da sua época. Independente da cor ou do desenho do brasão estampado na bandeira de suas vítimas.

Capitão Moribundo também usava como estratégia esconder-se por trás da figura de um de seus marinheiros e amigo de batalhas Gaborow, o Espantalho. Senhor surdo com aproximadamente 45 anos, aparência desgastada pelas brabezas do tempo, olhar firme e frio; sobrancelhas espessas transmitia a impressão de um homem implacável, reforçada por uma longa barba grisalha. Aparência com a qual permitia o seu comandante fora-da-lei se mantivesse no anonimato perante aqueles que não o conhecia.

Como Espantalho não podia se expressar através de palavras, seus gestou rústicos próprios do estereótipo de uma medonha e desalmada criatura com poucas características humanas, aqueles que o viam pela primeira vez, tinham a impressão de estar mais próximo de um assustador e intrépido espantalho. Com aparência asquerosa, era comum vê-lo usando um grande chapéu semelhante aos da corte francesa, destacando um grande penacho vermelho carmim na extremidade lateral de uma das largas abas.

Em breve a continuação desta intrigante história de ação e aventura. Muitos acontecimentos envolvendo coragem e emoção estará por vir. Não deixe de conferir.


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